Eu Descobri a Música: Como Danceterias, MPB e um Software de Áudio Definiram Meu Som
Minha entrada no mundo da música foi um acidente inevitável, considerando o ambiente em que cresci. Nasci no início dos anos 90, época em que meus tios eram donos de danceterias, então cresci envolvido por dance, house, eurodance e synthpop - esses sons definiram minha primeira conexão com a música.
Uma das minhas primeiras memórias da vida é de um rádio antigo tocando "Breakaway", da Donna Summer, enquanto eu tentava desesperadamente gravar a música numa fita. "Rhythm of the Night", da Corona, era aquela música que mexia demais comigo. Ver as pessoas dançando enquanto meus tios e seus amigos dançavam breaking e discotecavam me mostrou algo poderoso: música une pessoas e nos transporta para outros universos.
Curiosamente, enquanto outras crianças desenhavam carros, casas e flores, eu passava horas desenhando equipamentos de som e iluminação no caderno. As pessoas achavam aquilo estranhíssimo, mas para mim fazia todo sentido - eu já estava projetando o futuro sem nem perceber.
Influências Que Moldaram Meu Som
Tive a sorte de crescer cercado por referências musicais que eu carrego até hoje. Minha tia Flor de Maio - artista plástica e primeira pessoa da minha cidade a se declarar lésbica - era apaixonada pelo rock e a MPB dos anos 90. Por meio dela, conheci ícones como Cássia Eller, Cazuza e Renato Russo. Mesmo criança, aquelas letras profundas me mostraram um lado crítico e ousado da música que acabou influenciando minha própria criação.
Em casa, o cenário era outro: MPB e música regional dominavam. Com minha mãe, tive o privilégio de conhecer a santíssima trindade Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. A delicadeza e profundidade dessas vozes contrastavam com ABBA e Queen, que ela adorava ouvir com as amigas. Já minha tia-avó me apresentou aos Beatles, Elvis e à magia musical dos anos 60 e 70, incluindo boleros e iê-iê-iê. Foi uma verdadeira viagem no tempo que expandiu ainda mais meu repertório.
Não posso deixar de mencionar como a cultura pop me marcou profundamente. Do escapismo proporcionado por fenômenos da música infantil/adolescente dos anos 90/2000 como Xuxa, passando por Sandy & Júnior e chegando até Britney, BR’OZ e Rouge - que inclusive influenciaram "Sincera/Mente" com sua estética Y2K.
O Momento da Virada: Quando o "Menino do Computador" Encontrou a Música
Até os 15 anos, apesar de toda essa influência musical, eu não tinha tido contato com produção musical. Era conhecido como o "menino do computador", apaixonado por programação e principalmente por criar sites. Minha virada aconteceu quando fui apresentado ao Sony Vegas (software de edição de áudio e vídeo) e até ao Auto-Tune (eu queria muito reproduzir o efeito de Believe, da Cher).
Achei aquilo simplesmente maravilhoso. Comecei a fazer experimentos com o software e, apenas um ano depois, já estava produzindo o primeiro álbum de rock de uma banda de amigos usando o Cakewalk Sonar. Ainda assim, não me via como artista. Foi aos 17 anos que comecei a tocar violão e cantar, trazendo e misturando todas essas influências que me formaram.
O Que Vem Por Aí
No dia 26 de setembro de 2025, vou lançar uma música que homenageia justamente o resultado dessa mistura inesperada de ritmos, referências e vivências. Ela se chama "Eu Descobri a Música", que vai contar essa história completa, revelando não só como cada uma dessas influências se entrelaçou para formar meu som, como um pouco da minha caminhada até aqui. Quero muito compartilhar mais desse babado com vocês, que acompanham meu trabalho, e também com quem está me conhecendo agora.
Falta menos de um mês pra eu poder mostrar esse trabalho que traz um pouquinho de cada pessoa, cada lugar e cada som que me transformou no artista que sou hoje.
Beijimm,
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