Música e Veganismo: Descobertas, Conexões e Impacto Além do Prato

Publicado em 1 de novembro de 2024Categoria: General

Hoje, no Dia Mundial do Veganismo, tô aqui pra compartilhar com você uma parte importante da minha vida que transformou não só minha alimentação, mas minha visão de mundo e até mesmo minhas conexões sociais e profissionais. É uma história que começa despretensiosamente com um simples copo de leite de soja e se desdobra em descobertas que continuam até hoje.

As primeiras sementes: o despertar para novos sabores

Meu primeiro contato com o veganismo aconteceu quando ainda morava em Diamantina. Uma professora vegana me ofereceu um café da tarde que nunca esqueci - foi ali que provei leite de soja pela primeira vez e, para minha surpresa, achei aquilo uma delícia! Maravilhoso mesmo, mais gostoso que o leite de vaca que eu tava acostumado.

Algum tempo depois, desenvolvi intolerância à lactose, o que naturalmente me aproximou de alternativas vegetais. Passei a consumir mais leite de soja e, aos poucos, fui perdendo completamente a vontade de consumir leite de origem animal.

Amizades e sabores que abrem horizontes

Quando fui produtor do primeiro álbum do projeto “Império dos Sentidos”, do Gustavo Nassar, eu ia todo final de semana à casa dele para gravarmos. E era uma experiência gastronômica que ampliava meus horizontes. Ele sempre me recebia com um trio que virou minha paixão: suco de uva orgânico, torradas e tahine (pasta de gergelim). Às vezes tinha também babaganuche (antepasto de berinjela) e homus (pasta de grão-de-bico).

Vindo do interior, muitas dessas delícias eram novidades pra mim. Nassar, de ascendência árabe, me apresentou esses sabores, contou suas histórias e começou a me falar sobre o veganismo, plantando sementes que floresceriam mais tarde.

A transição gradual: de pescetariano a vegano

Até 2015, antes de me mudar para Belo Horizonte, eu ainda preparava carne, gostava de temperar, marinar. Sempre gostei de cozinhar, mas nunca tinha parado para questionar o preparo da carne animal - esse processo que a gente acaba transformando num (tráfigo) espetáculo gastronômico.

Nos primeiros anos em BH, comecei a fazer pequenas mudanças na minha alimentação. Estava numa fase fitness e passei a comer mais saladas, mas ainda tinha carne no prato. Trabalhava perto de um restaurante de comida saudável e comecei a pedir tilápia com frequência.

Com o tempo, fui perdendo o interesse pela carne bovina, que comecei a achar pesada. Depois o frango começou a ter um cheiro e gosto estranhos para mim. Acabei consumindo apenas peixe, até descobrir que isso me tornava um pescetariano - alguém que consome apenas peixes como fonte animal.

2020: o ano da virada

A pandemia trouxe muitas reflexões. Na época, eu estava casado com o Beto Maia Filho (hoje um grande amigo e parceiro do projeto "Não Somos Irmãos"). Havia toda uma narrativa sobre como as pandemias e novas doenças que passariam a surgir eram resultados da destruição do meio ambiente, da fauna e da flora, por causa do consumo desenfreado, do aquecimento global.

O Beto, que já tinha sido vegetariano antes, decidiu se tornar vegano e me convidou para essa jornada com ele. Ele começou um programa de alimentação com acompanhamento nutricional e de um educador físico, tudo muito bem estruturado. Topei o desafio, e juntos fomos descobrindo vários estabelecimentos veganos de Belo Horizonte que faziam delivery naquela época.

Motivos que me mantêm vegano

Eu me lembro de um vídeo do Gregório Duvivier no programa "Greg News" (HBO) que me impactou profundamente. Ele relacionava o consumo de carne no Brasil com a produção exagerada de soja, a grilagem de terras e como isso alimenta um sistema de corrupção no país.

Entendi que, individualmente, não gostaria de contribuir para esse processo.

Minha decisão tem um forte componente político e ambiental. Acredito que não faz sentido consumir um animal quando nós também somos animais. É um pensamento especista acreditar que podemos comer outro animal porque o consideramos inferior.

Pensa nessa expressão: "se alimentar do corpo de outro animal que é abatido para atender sua demanda alimentar". Quando olhamos para o consumo de carne sob esse aspecto mais direto, isso realmente pesa.

Desmistificando o veganismo

Embora “saúde” não tenha sido o motivo para ter me tornado vegano, percebi mudanças positivas no meu corpo desde então. Eu consegui diminuir meus triglicérides, passei a consumir bem menos gordura e fritura. Por incrível que pareça, quando sigo o regime alimentar vegano de forma adequada, consigo até mesmo ganhar massa muscular - algo que não conseguia antes.

Óbvio que faço suplementação, importante para qualquer pessoa, independentemente de ser vegana ou não. E esse é um mito sobre veganismo que gostaria de desconstruir.

Quando falo sobre veganismo, algumas pessoas ficam na defensiva, como se eu estivesse impondo a elas a obrigação de não consumirem carne.

Entendo que veganismo é uma escolha individual, e essas escolhas podem mudar com o tempo. Hoje eu não consumo carne de jeito nenhum, mas já tive momentos de consumir ovos ocasionalmente. Continuo evitando leite de vaca diretamente e só como queijo em situações onde realmente não existem outras opções.

A comunidade que me acolheu

Comecei a frequentar espaços veganos e descobri a Paraíso Veg, uma feira vegana que acontece há 7 anos em Belo Horizonte, criada pelo Rodrigo Oliveira, da Veggie Roots. Através dela, conheci o Seu Trem, onde já fiz mais de 10 shows até hoje.

Fui sendo convidado para tocar na feira Paraíso Veg, no Seu Trem e em outros eventos ligados ao veganismo. Isso me aproximou ainda mais da comunidade, me aproximou de muitas pessoas que passaram a conhecer meu trabalho. E, agora, música e veganismo não se separam de mim.

Hoje tenho orgulho de dizer que boa parte do meu público, dessa comunidade que me acompanha, também compartilha dessa causa e mentalidade. Claro que tenho fãs que consomem carne, mas é muito maravilhoso ver como essas pessoas me respeitam e acolhem. Quando vou à casa delas, se preocupam em ter uma versão vegana de algo para mim.

A minha arte e o veganismo sempre se encontram

Na gravação do meu DVD ao vivo e acústico (olha que spoiler gigante aqui, hein?), a alimentação do evento foi totalmente vegana. Também no meu show no Tranquilo BH, toda a comida foi vegana, preparada pelo Seu Trem, essa empresa de amigos e parceiros que tanto valorizo.

Fico feliz em saber que muitos dos eventos que já fiz tinham alimentação vegana disponível para o público. Isso acaba sendo uma plataforma, uma maneira de introduzir o veganismo para as pessoas de forma saudável, educativa e amigável, sem imposições.

Derrubando preconceitos

Quero que as pessoas entendam que veganismo não é caro e não precisa ser elitista. A comida vegana não é ruim nem sem graça! Esses mitos perduraram por anos e transformaram a comunidade vegana em alvo de preconceitos que são fruto de ignorância e desrespeito - não só aos animais, mas ao meio ambiente e a nós mesmas.

No final das contas, acredito que a Terra é um organismo vivo único, onde tudo está interligado. Quando favorecemos a destruição através do consumo inconsciente de insumos feitos com animais, contribuímos a cada dia para nossa própria extinção.

Para quem tem curiosidade sobre o veganismo

Se você chegou até aqui, talvez esteja se perguntando sobre como começar ou se aproximar mais do veganismo. Minha dica é: comece devagar, sem se cobrar perfeição. Experimente substituir um produto por vez, descubra novos sabores e preparações.

Aqui em Belo Horizonte, temos a Feira Paraíso Veg e diversos restaurantes maravilhosos com opções para todos os gostos e bolsos, como o Quintal Vegan, o Seu Trem e Butequim Vegano. A comunidade vegana é acolhedora e está sempre disposta a compartilhar dicas e receitas.

Lembre-se que cada escolha importa. Mesmo que você não se torne uma pessoa 100% vegana, cada refeição sem carne já faz diferença para o planeta, para os animais e potencialmente para sua saúde.

Conta pra mim nos comentários: você já experimentou alguma comida vegana que te surpreendeu? Ou tem alguma “? (Dúvida)” sobre veganismo que eu possa ajudar a explicar?

Comentários do Facebook não estão disponíveis no momento.

Entre em contato com o administrador do site para mais informações.